Feliz dia do Livro
Por Cátia Garcez
Foi assim... Deus inventou o homem e o
homem inventou o livro e eu me apaixonei...Quando penso no que teria sido minha
vida sem os livros...
Lobato me inquietava e Anastácia era a
minha heroína... As histórias de meu avô analfabeto mais bonitas que a de
Lobato, anos depois encontrei em Câmara Cascudo... E eu me apaixonei:
personagens de Maurício me ajudaram a dormir, mas o Tio Patinhas sempre me fez
rir com sua avareza cheia de beleza.
Ali já brincava com as poesias de
Cecília, Vinícius e os sonetos de Drummond.
Até os 18 anos vivi de empréstimos, mas
com o meu primeiro salário comprei uma coleção de capa dura de Agatha
Christie: O caso dos dez negrinhos, Expresso da meia noite...Há Poirot que
companheiro eficaz!
Os livros me trouxeram pessoas e
pessoas me trouxeram livros, e eu me apaixonei... Por pessoas e por livros.
Entre dezenas de Júlias, Sabrinas e Biancas, livros de bolso: faroeste ou sacanagem,
eu lia... E na falta de outros, eu lia...
O mundo de Sofia se reservava entre a
literatura obrigatória: Escaravelho do diabo, Meu pé de laranja lima e O Menino
do Dedo verde... Quando chorava fazia o jogo do contente de Poliana, sonhadora
lembrando a infância...
Virei adulta e como tal fui invadida
por seres de outro planeta: Graciliano Ramos, Umberto Eco, Clarice Lispector,
Pablo Neruda, Darcy Ribeiro e Fernando Pessoa...
Nessas lidas e leituras da vida chorei
com o caçador de pipas e realizei-me com Leite derramado de Chico Buarque.
Percebo que a cada livro que leio sofro uma metamorfose: Eu os devoro, penso
eu... Mas na verdade são os livros que me devoram, me arrebatam e me libertam.